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Bem Vindo ao Meu Cantinho, Volte Sempre!

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domingo, 28 de agosto de 2011

A BEIRA DO MAR ABERTO- Caio Fernando Abreu

E de novo me vens e me contas do mar aberto das costas de tua terra, do vento gelado soprando desde o polo, nos invernos, sem nenhuma baía, nenhuma gaivota ou albatroz sobrevoando rasante o cinza das águas para mergulhar, como certa vez, em algum lugar, rápido iscando um peixe no bico agudo, mas essas outras águas que lembro eram claras verdes, havia sol e acho que também um reflexo de prata no bico da ave no momento justo do mergulho, nessas águas de que me falas quando me tomas assim e me levas para histórias ou caminhadas sem fim não há verde nem é claro, o sol não transpõe as nuvens, e te imagino então parado sozinho entre a faixa interminável de areia, o vento que bate em teu rosto, as mãos com os dedos roxos de frio enfiadas até o fundo dos bolos, o vento e novamente o vento que bate em teu rosto, esse mesmo que não me olha agora, raramente, teu olho bate em mim e logo se desvia, como se em minhas pupilas houvesse uma faca, uma pedra, um gume, teu rosto mais nu que sempre, à beira-mar, com esse vento a bater e a revolver teus cabelos e pensamentos, e eu sem saber que me envolve agora quando teu olho outra vez escorrega para fora e longe do meu, entre tua testa larga de onde às vezes costuma afastar os cabelos com ambas as mãos, numa mistura de preguiça e sensualidade expostas...

 e quando teu olho se afasta assim, não sei para onde, talvez para esse mesmo lugar onde te encontravas ontem, à beira do mar aberto, onde não penetro, como não te penetro agora, mas é quando a pedra ou faca no fundo do meu olho afasta o teu é que te olho detalhado, e nunca saberás quanto e como já conheço cada milímetro da tua pele, esses vincos cada vez mais fundos circundando as sobrancelhas que se erguem súbitas para depois diluírem-se em pelos cada vez mais ralos, até a região onde os raspas quase sempre mal, e conheço também esses tocos de pelos duros e secretos, escondidos sob teu lábio inferior, levemente partido ao meio,  tão dissimulado te espio que nunca me percebes assim, te devassando como se através de cada fiapo, de cada poro, pudesse chegar a esse mais de dentro que me escondes sutil, obstinado, através de histórias como essa, do mar, das velhas tias, das iniciações, dos exílios, das prisões, das cicatrizes, e em tudo que me contas pensando, suponho, que é teu jeito de dar-se a mim, percebo farpado que te escondes ainda mais, como se te contando a mim negasses quase deliberado a possibilidade de te descobrir atrás e além de tudo que me dizes, é por isso que me escondo dessas tuas histórias que me enredam cada vez mais no que não és tu, mas o que foste, tento fugir para longe e a cada noite, como uma criança temendo pecados, punições de anjos vingadores com espadas flamejantes, prometo a mim mesmo nunca mais ouvir, nunca mais ter a ti tão mentirosamente próximo, e escapo brusco para que percebas que mal suporto a tua presença, veneno, veneno, às vezes digo coisas ácidas e de alguma forma quero te fazer compreender que não é assim, que tenho um medo cada vez maior do que vou sentindo em todos esses meses, e não se soluciona, mas volto e volto sempre, então me invades outra vez com o mesmo jogo e embora supondo conhecer as regras, me deixo tomar por inteiro por tuas estranhas liturgias, a compactuar com teus medos que não decifro,a aceitá-los como um cão faminto aceita um osso descarnado, essas migalhas que me vais jogando entre as palavras e os pratos vazios, torno sempre a voltar, talvez penalizado do teu olho que não se debruça sobre nenhum outro assim como sobre o meu, temendo a faca, a pedra, o gume das tuas histórias longas, das tuas memórias tristes, cheias de corredores mofados, donzelas velha trancadas em seus quartos, balcões abertos sobre ruazinhas onde moças solteiras secam o cabelo, exibindo os peitos, tornarei sempre a voltar porque preciso desse osso, dos farelos que me têm alimentado ao longo deste tempo e choro sempre quando os dias terminam porque sei que não nos procuraremos pelas noites, ...

quando o meu perigo aumenta e sem me conter te assaltaria feito um vampiro faminto para te sangrar enquanto meus dentes penetrando nas veias de tua garganta arrancassem do fundo essa vida que me negas delicadamente, de cada vez que me procuras e me tomas, contudo me enveneno mais quando não vens e ninguém então me sabe parado feito velho num resto de sol de agosto, escurecido pela tua ausência, e me anoiteço ainda mais e me entrevo tanto quando estás presente e novamente me tomas e me arrancas de mim me desguiando por esses caminhos conhecidos onde atrás de cada palavra tento desesperado encontrar um sentido, um código, uma senha qualquer que me permita esperar por um atalho onde não desvies tão súbito os olhos, onde teu dedo não roce tão passageiro no meu braço, onde te detenhas mais demorando sobre isso que sou e penses que sabe que se aceito tuas tramas, e vomitas sobre mim, e depois puxa a descarga e te vais, me deixando repleto dos restos amargos do que não digeriste...

mas mesmo assim penses que poderias aceitar também meus jogos, esses que não proponho, ah detritos, mas tudo isso é inútil e bem sei de como tenho tentado me alimentar dessa casca suja que chamamos com fome e pena de pequenas-esperanças, enquanto definho feito um animal alimentado, apenas com água, uma água rala e pouca, não essa densa espessa turva do mar de que me falaste no começo da tarde que agora vai-se indo devagar atrás das minhas costas, e parado aqui do teu lado, sem que me vejas, lentamente afio as pedras e as facas do fundo das minhas pupilas, para que a noite não me encontre outra vez insone, recomponho sozinho um por um dos teus traços, dos teus pelos, para que quando esses teus olhos escuros e parados como as águas do mar de inverno na praia onde talvez caminhes ainda, enquanto me adentro em gumes, resvalaram outra vez pelos meus, que seu fio esteja tão aguçado que possa rasgar-te até o fundo, para que te arrastes nesse chão que juncamos todos os dias de papéis rabiscadas e pontas de cigarro.....

....mas quando desvio meu olho do teu, dentro de mim guardo sempre teu rosto e sei que por escolha impossível recuar para não ir até o fim e o fundo disso que nunca vivi antes e talvez tenha inventado apenas para me distrair nesses dias onde aparentemente nada acontece e tenha inventado quem sabe em ti um brinquedo semelhante ao meu para que não passem tão desertas as manhãs e as tardes buscando motivos para os sustos e as insônias e as inúteis esperas ardentes e loucas invenções noturnas, e lentamente falas, e lentamente calo, e lentamente aceito, e lentamente quebro, e lentamente falho, e lentamente caio cada vez mais fundo e já não consigo voltar à tona porque a mão que me estendes ao invés de me emergir me afunda mais e mais enquanto dizes e contas e repetes essas histórias longas, essas histórias tristes, essas histórias loucas como esta que acabaria aqui, agora, assim, se outra vez não viesses e me cegasses e me afogasses nesse mar aberto que nós sabemos que não acaba assim nem agora nem aqui.

Caio Fernando Abreu

domingo, 21 de agosto de 2011

Olá pessoal, quanto tempo né? é eu sei que ando bem omissa em relação ao nosso cantinho aqui. Sei que não há justificativas, mas esses dias aconteceram tantas coisas que eu fiquei um pouco alienada do mundo. Sabe quando acontecem certas coisas que te pegam de surpresa e acabam puxando seu tapete? pois é foi bem assim. O ser humano é tão engraçado que  precisa da solidão para sentir saudades, da perda para dar valor e da morte para pensar na vida. Estive pensando em o quanto somos frágeis e nos julgamos tão fortes, em o quanto somos impotentes diante de tantas coisas e mesmo assim lá no intimo acabamos por achar que podemos tudo. Pensei em tantas vaidades que tenho e o quanto elas são futilidades, não que não devamos  nos permitir alguns caprichos, mas percebi o quanto somos movidos pelo material. Todo mundo sabe  que a matéria fica e que nós partimos, mas a verdade é que ninguém pensa nisso, é interessante  como a morte nos faz sentir o quanto a vida é fugaz . Pessoal não vim me justificar, apenas senti saudades de falar um pouco com vocês...

Um grande abraço

Por: Jél Lourenzo

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O país envelheceu e agora?


O evenlhecimento populacional denota melhora nos índices brasileiros de saúde.  Agora que o cidadão tem uma melhor expectativa de vida, está aí o desafio: zelar para proporcionar qualidade de vida para terceira idade.

Alguns idosos são arrimo de família, entretanto suas rendas mal são o suficiente para os remédios. O salário mínimo, renda máxima de muitos deles, não possibilita o acesso às necessidades básicas, as quais deveriam ser garatidas pelo Estado.

Sabe-se que, em alguns povos antigos, os anciões eram pessoas muitos respeitadas e tinham até poderes políticos. Hoje nota-se que há uma supervalorização da jovialidade e da beleza. É possível perceber tal aspecto tanto na busca excessiva por amenizar os sinais do tempo, quanto pela discriminação para com os mais velhos no mercado de trabalho.

Diante desse aspectos no mínimo três alternativas seriam viáveis: reformas na previdência social, que não estava preparada para o atual número de aposentados; melhorias contínuas na saúde, enfatizando a prevenção de doenças crônicas e reeducação do pensamento social, ensinado que a base da sociedade é o respeito mútuo.

Por: Jél Lourenzo

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Máscaras sociais

Dentro de um rosto frio e cinza pode haver uma alma doce. A falta de cor , mera reflexão da escuridão do mundo, faz do  olhar desbotado pelo tempo, a morada dos mais diversos temores. As amarras  profanas da humanidade sem dúvida contaminam qualquer pureza, cabe a quem isto enxerga, desvendar o que há de belo por traz das defensivas máscaras sociais.

Por: Jél Lourenzo

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O "dedo" podre da mídia


Não raro é visto nos principais meios de comunicação imposições camufladas sobre as melhores " manias de vida" a serem seguidas. Depara-se todos os dias com a quase imperceptível decisão do que é bom ou ruim para nós. Sem perceber a sutil influência midiática muitos anulam-se e vegetativamente, assim como esponjas, absorvem tudo que lhes é passado. Passivamente deixamos  que  escolham  por nós: um padrão de beleza, uma tendência política e hábitos de vida.

 Muitas pessoas podem até afirmar que a beleza é algo universal, um senso comum e não  influênciável. Mas com certeza, mais do que tudo que foi dito, é algo cultural e dependente de  vários fatores, assim como a moda é algo temporal.
A imposição rígida  de um padrão de beleza  contradiz-se ao novo estilo de vida  que a mesma  mídia propaga. Ao tentar seguir os novos hábitos do mundo moderno e enquadrar-se dentro dos limites aceitos pela sociedade, começam os problemas.

Além disso a imparcialidade das notícias e informações é questionável. Enquanto uns usam do sensacionalismo outros são tendenciosos. A todo momento as rádios, os jornais e principalmente a televisão selecionam o que é ou não atraente para eles e o que podemos saber ou não. Você pode até se perguntar se isso é possível com a atual  liberdade de imprensa, mas se tentar enxergar além dos holofotes verá que , existe  muito mais a ser dito do que você imaginar.
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Por: Jél Lourenzo